sexta-feira, 6 de junho de 2008

Preparativos...

É gente! Estamos aprontando outros trabalhos, o de Indumentária e o de Cenografia.
No trabalho de Indumentária estamos fazendo a Titânia, Rainha das fadas de "Sonho de uma noite de verão". E o nosso trabalho de cenografia estamos fazendo a cama de flores dela, intervindo no espaço da nossa faculdade! Tudo está um luxo!!
Em breve colacaremos fotos dos nossos trabalhos recentes!
Incluindo uma maquete da cenografia de Édipo Rei (que também ficou um luxo)!
Bom, promessa é dívida pagaremos!
Beijos!!
Grazy Pacheco =)

sexta-feira, 30 de maio de 2008

A obra de arte na era da sua reprodutubilidade técnica!

Trabalhos de Ética!
Cadê você?

Segundo Walter Benjamin, ”a arte, no mundo contemporâneo, atrofiou sua aura na era da reprodutibilidade técnica..., Na medida em que essa técnica permite à reprodução vir ao encontro do espectador, em todas as situações, ela atualiza o objeto reproduzido.” Ou seja, o que antes tinha um valor de exclusividade passou a ser reproduzido, deixando de ser uma obra única, ou seja, original, passando a ser copiada, sem que suas características visuais se perdessem, daí a afirmação de que a aura, ou seja, seu valor essencial tenha se atrofiado. “Esses processos resultam num violento abalo da tradição, que constitui o reverso da crise atual e a renovação da humanidade”. O abalo da tradição, a crise, e a renovação da humanidade de que trata Walter Benjamin, se referem ao redimensionamento da arte pós revolução industrial, onde a criação da fotografia e do cinema obrigaram o homem a rever seus conceitos sobre a mesma.
A questão que pretendo levantar fala sobre a autenticidade de uma obra de arte, se ela pode ser substituída por algum meio de reprodução técnica e qual a importância da autenticidade no mundo contemporâneo.

Pensando no capítulo que fala sobre a autenticidade, proponho a criação de um objeto artístico que ilustre este pensamento, ou seja, que materialize o momento em que a reprodução ocupa seu lugar no mundo contemporâneo e deixe de existir como obra de arte “aurática”, passando a existir somente no mundo da reprodução.
A proposta de levar o público a pensar sobre este assunto aponta um caminho para discussão sobre a questão da reprodutibilidade técnica na medida em que ela desperta a curiosidade de saber como se deu o processo, Que destino levou a obra, E porque só se tornou “visível” somente através do vídeo. O processo de criação da obra de arte acontecerá ao vivo, ou seja, em público, com pessoas que testemunhem, parcialmente, o seu nascimento, transformação e desaparecimento. Para isto vou criar um espaço de atuação que será circundado por um tecido preto com pequenos orifícios ao redor do cilindro de tecido, dificultando, assim, o testemunho direto da criação da obra. Ao término, os orifícios serão cobertos e a obra será destruída, mas o público não será informado deste fato justamente para despertar a curiosidade.
A proposta é a criação, em barro, de uma figura feminina.
Durante o processo de criação, uma câmera de vídeo estará ligada registrando, passo a passo, cada momento do trabalho, Ao término, a câmera será testemunha direta, e o espectador testemunha parcial do surgimento da obra. Em seguida, a câmera será desligada e seu registro seguirá para edição. No mesmo instante o cilindro de tecido será retirado e o público só verá uma mesa com um pouco de barro amassado, com o título, “cadê você?” A estátua, que agora só existirá na restrita lembrança dos espectadores e em vídeo, que depois de editado, será continuamente exibido em várias televisões, onde cada uma mostrará trechos diferentes do momento da sua criação, é o meu objeto de “provocação” na medida em que ela desperta a curiosidade de saber como se deu o processo, que destino levou a obra e porque a reprodução tomou o lugar do original.


Mãos ao alto!


A necessidade de pensar em tudo como uma mercadoria a ser consumida, em produto a ser utilizado antevê a existência do técnico. A técnica que antes era “um meio para um fim”, passou a ser “um fim em si”. Com a vigência do técnico, a distância entre o próprio e o similar deixa de existir e tudo o que se produz é verdadeiro, mesmo sem a sua aura, sem o seu valor de “aqui e agora”, até porque essas são questões que já não importam mais, uma vez que a “produção” perdeu a sua “poieses”.
Assim, usarei um esvoto puro e simples em formato de mão e, ao lado colocar uma fotografia tirada desse mesmo esvoto em sua mesma posição. Os dois ficarão expostos um ao lado do outro. O título dessa obra refere-se ao “roubo” da veracidade, da originalidade, da presença dessa peça feita pela técnica.
Desse modo estarei discutindo a relação de original e cópia. Como dar valor de original a algo que saiu de uma forma onde outros vários iguais a ele também saíram? E a fotografia, seria uma cópia ou original daquela peça? No mundo técnico essas perguntas não fazem sentindo, pois o discurso do original e da cópia se misturam para que o fazer artístico subsista.
Em primeiro lugar a forma do esvoto remete ao fazer manual que acabou sendo substituído pelo fazer técnico, “liberando a mão de suas responsabilidades artísticas”.
E depois, a total falta de importância em saber a diferença entre o “original” e a “cópia”. Essa diferença seria a perca da aura, do valor da sua presença como obra de arte.
A técnica nos dá a imprensão de que estamos próximos da obra de arte, mas pelo o contrário ela nos afasta, pois não há como distinguir o que é “próprio” e o que é “similar”.

Figurino na TV

Ao ler o texto de Walter Benjamin fiquei tentada a fazer um paralelo entre o raciocínio do autor e o processo de criação, produção, utilização e reprodutibilidade do figurino para a televisão atual.
Pode se fazer um paralelo relacionando a criação do figurino- arte- personagens-cena. Ao criar um figurino trabalhamos primeiro a partir do texto de onde tiramos os personagens e suas características e circunstâncias. Partimos então para as representações iconográficas e desenhos. Até ai não temos ainda o figurino dado como completo. Em seguida temos o processo de execução (fabricação e composição) dessas idéias que foram apresentadas. Por que são idéias? No processo de criação de um figurino para o personagem a que se destina temos vários "blocos" de metamorfoses até o momento em que o figurino se transforme em figura/personagem em cena. Durante as provas de roupas vamos acrescentando e eliminando elementos para esta composição fazendo assim um movimento de perfectibilidade. No momento em que temos a interpretação cênica associada ao figurino obtemos a autenticidade deste como único e efêmero – "o aqui e agora". A partir daí temos a conclusão de todo o processo.
Por sua penetração como mídia e seu prestigio como divulgadora de idéias e comportamentos a televisão brasileira, podemos prever que este figurino será reproduzido inúmeras vezes com outros materiais e outras releituras estéticas. Neste momento deixamos de ter a autenticidade do figurino criado para a cena temos, assim, uma reprodução em que podemos contestar a sua originalidade. Ele o figurino expresso em uma roupa, por exemplo, o maiô da personagem Bebel - que foi pensado e utilizado para compor um personagem e passou a ser reproduzido sendo assim difundido em massa.
Vejo nesse tipo de reprodução técnica uma possibilidade de democratização estética. Desde que a reprodução preserve características daquilo que então chamaríamos de originais.
Estamos agora em uma sala de exposição onde está expostas figurinos da novela "paraíso tropical" temos vídeos, fotos e os figurinos em si. O mais curioso é perceber como a roupa perde a sua identidade ou a sua "verdade" ficando simplesmente exposta num manequim. Ali não temos mais o figurino que passa simultaneamente nos vídeos da exposição onde o visitante que não foi um espectador, que não viu o figurino em cena terá uma percepção diferente daquele que teve essa possibilidade de vê-lo de maneira completa – como objeto artístico integrado a uma obra.
Concluímos então que aquele figurino visto pela primeira vez na cena é o original e que tudo que aparecera após passa a ser a sua reprodução.
O que estou propondo é que o figurino seja percebido como objeto artístico indispensável à obra artística com possibilidade de reprodução livre pela audiência da TV socializada.


Bibliografia

Benjamin, Walter. Magia e Técnica, Arte e Política – ensaios sobre literatura e história da cultura. Tradução Sérgio Paulo. São Paulo. Ed: Brasiliense, 1994 – (obras escolhidas; v 1).